De onde veio essa paixão por cheiros que fez do nosso país o maior consumidor mundial de fragrâncias? Dos índios. Desde o descobrimento do Brasil há relatos dos portugueses sobre os hábitos de assepsia dos nativos. Os europeus em geral viam o perfume como uma maneira de encobrir odores corporais, pois acreditavam que o ato de tomar banhos atraía doenças. Já os índios viam no ato da perfumação o relacionamento com a natureza e uma maneira de comunicar-se entre si e com os deuses. Seus banhos de cheiro eram repletos de óleos de flores, ervas e folhas aromáticas, favorecidos pela abundância de rios e biodiversidade nas regiões Norte e Nordeste. Enquanto os portugueses pragmaticamente aplicavam extratos concentrados para encobrir o mau cheiro, os nativos tinham o costume de banhar-se várias vezes ao dia e de apreciar os aromas levemente, pois precisavam de seu olfato intacto para caçar ou defender-se de animais selvagens. Mais tarde os negros trouxeram para o Brasil outros rituais religiosos com defumações, enfatizando ainda mais a importância desse artefato. O contato com a perfumaria francesa no início do século XX não conseguiu afetar a preferência nacional pelas águas de colônia (ou águas de cheiro), que ainda são vendidas extensivamente e rotuladas como “deo-colônia”. Além do perfume em si, o brasileiro aprecia fragrância em praticamente tudo que aplica no corpo, desde o talco para bebês até o hidratante.

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